As doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de mortalidade em nosso país e vem apresentando aumento de prevalência nas classes de menor nível socioeconômico.

Entre as variáveis relacionadas à sua ocorrência, destacam-se os chamados fatores de risco modificáveis, os quais podem ser removidos ou controlados mediante mudanças no estilo de vida. Entre esses fatores destacam-se o tabagismo, o sedentarismo e os maus hábitos alimentares. A dieta, dessa forma, pode exercer um papel de proteção ou promoção das DCV (doenças cardiovasculares), sendo a gordura saturada, dentre os fatores dietéticos, um importante agente deletério à saúde do coração. Todavia, mesmo pertencendo a esta categoria de lipídios, alguns triglicerídeos apresentam comportamento metabólico diferenciado em virtude de suas características estruturais, especialmente, o tamanho da cadeia.

Triglicerídeo é um composto consistindo de três moléculas de ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. Gorduras e óleos comuns contêm ácidos graxos de cadeia longa. Comparadas com esse tipo de gordura, as MCTs (triglicerídeo de cadeia média) possuem um comprimento de cadeia bem menor e, assim, elas se comportam muito mais como um carboidrato do que como uma gordura. Assim, é possível que os triglicerídeos de cadeia média (MCT) não representem um fator de risco cardiovascular e, ao contrário, possam até exercer um efeito protetor. O côco é um produto bastante difundido no Nordeste brasileiro e seu óleo, rico em MCT, é amplamente utilizado pelas indústrias alimentícias. O côco dissecado possui aproximadamente 69% de gordura. O óleo de côco é constituído por 66% de MCTs e outra boa fonte é o óleo de palma.

Ao contrário das gorduras e óleos comuns, as MCTs não provocam ganho de peso na forma de gordura corporal branca, já que estimulam a termogênese. Todas as versões conhecidas da dieta termogênica possuem predominância de MCTs e têm sido utilizadas com inegável sucesso nas estratégias de perda de gordura corporal branca.

As MCTs são muito mais solúveis em água quando comparado às LCTs (triglicerídeo de cadeia longa) e, assim, se difundem passivamente pelo trato Gastrointestinal para o sistema portal e daí para o fígado sem necessidade de serem modificadas por sais de bile para serem digeridas. Dessa forma, elas são absorvidas tão rapidamente quanto um carboidrato, porém fornecem mais do dobro de calorias (9 contra 4) e não requerem com que o corpo forneça energia metabólica para serem disponível e apenas uma porcentagem pequena é convertida em gordura corporal.

As triglicérides de cadeia longa, ao contrário, são absorvidas no sistema linfático e necessitam sofrer modificação pela bile para que haja absorção.

As MCTs são freqüentemente usadas por atletas para aumentar a sua resistência durante o treinamento e a competição de endurance. Elas diminuem necessidade de uso de carboidratos pelo atleta, principalmente se forem utilizadas em conjunto com creatina.

As MCTs permitem com que as pessoas reduzam o consumo de carboidratos (principalmente aqueles de alto índice glicêmico), além de fornecer efeitos poupadores de massa muscular contrátil.

Comparado com os carboidratos, as MCTs são uma fonte melhor e mais eficiente de energia rápida. Como elas exercem efeitos de conservação de massa muscular, atletas competindo em modalidades onde a definição muscular é um dos fatores cruciais carregam MCTs na noite antes de uma competição. No entanto, a ingestão deve ser aumentada gradualmente e obededer as necessidades de cada pessoa para permitir com que o corpo se adapte ao aumento do consumo. Se o consumo aumentar abruptamente, pode resultar em metabolismo incompleto das MCTs e a produção de ácido lático em excesso.

Há muito tempo já se demonstrou que as MCTs aceleram o metabolismo de repouso e tal aumento sustentado da taxa metabólica induz o organismo a queimar mais gordura branca, resultando em perda de peso.

MCT-MATERIA

As MCTs exercem diversos tipos de efeitos:

Ações antiviróticas (destroem a membrana lipídica de vários vírus);

Ações antibacterianas;

Ações antifúngicas;

Ações termogênicas (elevam levemente a quantidade de gordura marrom);

Ações anti-catabólicas de músculos contráteis;

Ações de geração energética de curto prazo.

As pessoas não devem substituir completamente todas as gorduras da dieta pelas MCTs, o que poderia resultar em deficiência de outros ácidos graxos. Para evitar uma deficiência de ácidos graxos essenciais, a pessoa deveria incluir também dosagens de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 (uma excelente fonte é o óleo de prímula). Tais ácidos graxos hoje são obtidos através de suplementos nutricionais.

Também não é aconselhável o consumo de MCTs com o estômago vazio , pois isso pode causar indisposição gástrica.

Fonte:  ANutricionista.Com – Vanessa Vichi Girotto – CRN3 18387 –Nutricionista em Sorocaba.